O Hospital de Cataguases realizou, na última quinta-feira, dia 26, o seu primeiro seminário para compartilhar com a comunidade de Cataguases e da região por ele atendida, um projeto de planejamento de reestruturação financeira a curto, médio e longo prazos, que garanta a sustentabilidade, modernização e capacidade de atender aos desafios e demandas de atenção à vida e à saúde da nossa população referente à assistência hospitalar atual e futura.

O evento, realizado no Centro Cultural Humberto Mauro, contou com a presença de autoridades públicas de Cataguases e região, entre as quais estavam o deputado estadual Fernando Pacheco, o prefeito de Cataguases José Henriques, o prefeito de Astolfo Dutra Bruno Ribeiro, o secretário de Saúde de Cataguases Vinicius Franzoni, o vereador vice-presidente da Câmara Municipal de Cataguases Gilberto Marques (Beto do Leonardo) representando os demais vereadores, o presidente do Conselho Superior do Hospital de Cataguases Ederson Wilmer Garcia, o vice-presidente da Mesa Diretora Pedro Arimathea, o 1º tesoureiro Ulisses Portela Neto, o secretário Carlos Alberto Vieira Pinheiro (Betinho), o 2º secretário Rogério Marques de Oliveira, bem como João Paulo Vargas Vairo (representando o deputado Júlio Delgado e Alex Companheiro (representando o deputado Reginaldo Lopes.

O seminário foi dividido em três momentos, com a coordenadora da Comissão de Controle de Infecções Hospitalares Raquel Cunha fazendo a abertura e apresentando a estrutura física atual e as possibilidades de ampliação dessa estrutura, bem como a parte assistencial, com dados estatísticos desse trabalho, mostrando que todas as pessoas recebem a mesma avaliação quanto às condições que apresentam ao buscar o atendimento no hospital. “Todas as pessoas passam por uma avaliação e classificação relativa à sua necessidade de atendimento, podendo ser uma emergência que precisa de atendimento imediato, numa sala totalmente equipada para esse procedimento; atendimento muito urgente, atendimento urgente, atendimento pouco urgente e não urgente. Esses procedimentos são estabelecidos pelo protocolo de Manchester, seguidos por todas as instituições hospitalares”, completou.

Raquel Cunha destacou ainda que no hospital, atualmente, os atendimentos realizados correspondem a uma média de 70% de pacientes do  SUS, com a instituição sendo referência para cerca de 200 mil habitantes que integram as microrregiões de Cataguases, Leopoldina e Além Paraíba. Acrescentou que, “além disso, na RUE (Rede de Urgência e Emergência) o Hospital de Cataguases é referência para cerca de 1 milhão e 600 mil pessoas dos 94 municípios que compõem a macrorregião Sudeste, sediada em juiz de Fora”.    

Raquel especificou as especialidades médicas existentes no hospital e procedimentos realizados com outras instituições parceiras e terminou sua apresentação com uma frase de Molière: “Não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer”.

O diretor Técnico Dr. Pedro Cesar Martins abordou o trabalho dos profissionais do Hospital, os gargalos e para onde devem ser direcionadas as ações visando ampliar os serviços ofertados, aquisição de equipamentos e criação de infraestrutura para serviços de alta complexidade e obter o credenciamento desses serviços junto ao SUS, o que ajudaria no aumento do valor dos repasses à instituição. Ele deixou claro que “nosso foco tem que ser em diminuir e até mesmo zerar as mortes evitáveis e garantir a integralidade de atendimento ao paciente, e isso nós só conseguiremos com equipamentos com alta tecnologia e com equipes de especialistas”. O Dr. Pedro Cesar exemplificou como causas de mortes evitáveis as síndromes coronarianas agudas, os acidentes vasculares cerebrais e de crianças que já nascem com doenças graves e têm necessidade de leitos de UTI específicos.

Para que essa situação seja revertida, Pedro Cesar explicou que é necessária a implantação dos protocolos do AVC (acidente vascular cerebral), que se traduz na instalação de 5 leitos de UTI Neurológica, ter um neurologista de sobreaviso, ter uma equipe multidisciplinar para tratamento de AVC, fazer a aquisição do medicamento trombolítico (de alto custo) e manter o setor da hemodinâmica de sobreaviso constante, além do protocolo da SCA (síndrome coronariana aguda) que necessita de 5 leitos de UTI cardiológica, equipe de cardiologistas de sobreaviso, equipe multidisciplinar para tratamento de SCA e o serviço de hemodinâmica de sobreaviso.

Para que isso se torne realidade, o Dr. Pedro Cesar explicou que é necessária a criação imediata de um fundo de custeio temporário junto aos gestores municipais, secretaria de estado da Saúde, empresários de todos os segmentos e cooperação das comunidades das cidades atendidas no Hospital de Cataguases. “São serviços que o SUS têm carência e precisam de sua instalação para o atendimento aos pacientes, mas precisam estar funcionando para serem credenciados, o que é uma burocracia que não acontece na rapidez que todos gostaríamos que fosse”, exemplificou.

“Esse seminário é um primeiro passo para que todos tomem conhecimento dos serviços que prestamos e do que gostaríamos de fazer, contando com a ajuda de todos para que se tornem realidade”, finalizou.

O superintendente do hospital de Cataguases Eliermes Teixeira abriu sua participação abordando a situação real das santas casas de todo o país, que sofrem com a escassez de recursos, provocada, principalmente, pela defasagem na tabela de pagamento dos serviços prestados aos pacientes do SUS, “que não é atualizada há 27 anos, desde 1995” destacou, acrescentando que “esse é o cenário atual vivido pelas santas casas e hospitais filantrópicos, com risco iminente de desassistência à população”.

Ele apresentou diversos exemplos, tanto de medicamentos, quanto de serviços, cujos preços estão congelados para recebimento do SUS, mas estão atualizados para pagamentos aos prestadores e fornecedores, “o que gera uma enorme diferença entre o que se paga e o que se recebe, desestabilizando completamente o fluxo de caixa de todas as instituições do gênero” frisou. Lembrou ainda que no período recente da fase mais aguda da pandemia da covid houve “majoração estratosférica” nos preços dos medicamentos e que, em muitos casos, esses medicamentos continuam com preços elevadíssimos e diversos deles com grande dificuldade de aquisição. Relatou, como exemplos, que “1 litro de soro fisiológico custava R$ 3,72 e hoje está a R$ 21,00 e não acha pra comprar”, bem como a dipirona venosa de 2 ml, que custava R$ 0,83, hoje está sendo vendida a R$ 6,00, mas não está tendo fornecimento”.

Eliermes informou que atualmente, em todo o país, são 1824 santas casas e entidades filantrópicas, que já têm uma dívida acumulada de 20 bilhões de reais. Acrescentou que a Confederação das Misericórdias do Brasil está fazendo uma mobilização, desde o início de maio, para deixar claro à todos que as santas casas e filantrópicos não suportam mais manter o acesso dos brasileiros ao SUS.

Eliermes destacou, para exemplificar os prejuízos causados com os pagamentos do SUS, que o Hospital de Cataguases tem uma média de 6 mil internações por ano, entre as clínicas médica, ginecológica/obstétrica, pediátrica e ortopédica. Disse que “nesses serviços, nossa média de custo, na tabela SUS é de R$ 3.840.000,00 (três milhões, oitocentos e quarenta mil reais) e recebemos, conforme contrato com o próprio SUS, R$ 3.377.814,20 (três milhões, setecentos e setenta e sete mil, oitocentos e catorze reais e vinte centavos), o que gera uma diferença em desfavor ao hospital de R$ 462.185,80 (quatrocentos e sessenta e dois mil, cento e oitenta e cinco reais e oitenta centavos), sem contar que nessa conta já há um subfinanciamento de 40%”.

Nas diárias da UTI, conforme os números apresentados, a diferença é de R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais em desfavor do hospital), sem contar o subfinanciamento de 40%, da mesma forma que o exemplo anterior.

De acordo com Eliermes, a alternativa que tem possibilitado ao hospital continuar funcionando e prestando serviços às pessoas que dele necessitam, são as emendas parlamentares para investimento e para custeio. “São elas que nos ajudam a respirar e estão sendo fundamentais para a manutenção das nossas estruturas físicas e assistenciais”, explicou.

Ao finalizar sua apresentação, Eliermes Teixeira destacou que “este primeiro seminário nos permitiu mostrar à todas as comunidades atendidas pelo Hospital de Cataguases a nossa estrutura, as dificuldades que enfrentamos e a nossa disposição em superar os obstáculos e oferecer ainda mais serviços em nossa instituição. Para isso, entretanto, precisamos do apoio de todos”.

O vídeo completo sobre o seminário você acessa clicando no link abaixo.

https://fb.watch/dhV_sv0Rss/

Camilo Vória - Assessor de Relações Públicas do Hospital de Cataguases.